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Construção

"Mudar de local para não mudar de ideal"
(Dom Abade André Martins, OSB).
 

“Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo para fazê-lo rei, retirou-se (anechóresen) de novo, sozinho, na montanha” (Jo 6, 15). O verbo grego anachoréo significa “retirar-se”, “partir”, e o substantivo correspondente, anachóresis, “retiro”, “partida”. Logo no início do monaquismo cristão esses termos adquiriram o significado técnico de “vida retirada do mundo” – daí “anacoreta”, pessoa que vive separada do mundo. Todavia, em seu sentido cristão mais profundo, a anacorese é um valor espiritual não apenas válido, mas até necessário a qualquer batizado que queira levar a sério a fé que professa”.

Esse valor cristão fundamental sempre teve no monaquismo a sua mais elevada importância. Como entender a vida monástica sem essa separação do mundo?

Quando nosso Mosteiro foi fundado em 1981 um dos grandes ideais era justamente encontrar um lugar onde a anacorese pudesse ser vivida em sua integralidade conforme nos pede a Santa Igreja:


“Os Institutos que se dedicam exclusivamente à contemplação, isto é, em oração contínua e alegre penitência, conservam sempre a parte mais excelente dentro do Corpo Místico de Cristo, em que ‘nem todos os membros... têm a mesma função’ (Rm 12, 4), embora seja urgente a necessidade do apostolado. Na verdade, oferecem a Deus um exímio sacrifício de louvor, enriquecem com abundantes frutos de santidade o Povo de Deus, movem com o seu exemplo e dilatam-no mercê da sua misteriosa fecundidade apostólica. São honra da Igreja e fonte das graças celestes. O seu modo de viver, porém, seja revisto segundo os princípios acima expostos e os critérios duma conveniente renovação, mantendo-se, contudo, intactos a sua separação do mundo e os exercícios próprios da vida contemplativa” (Perfectae Caritatis 7).

Inicialmente alocados no Santuário Mãe da Divina Graça no Parque Estadual de Vila Velha em Ponta Grossa, a comunidade precisou mudar-se, quatro anos depois, para outro terreno, onde nos encontramos hoje.

Não obstante o carinho que temos por esse local, o munícipio de Ponta Grossa teve um expressivo aumento populacional nos últimos anos e, vagarosamente, nosso mosteiro tem ficado cercado por habitações, fazendo com que um dos ideais da nossa vocação começasse, paulatinamente, a se perder.

Assim, após não pouco sofrimento, a comunidade decidiu partir desse local e, apesar de nossas enormes dificuldades econômicas, lançamo-nos nos braços da Divina Providência, e iniciamos a busca por um local apropriado para dar continuidade à nossa vida monástica. Após alguns anos de busca, dentro e fora de nossa cidade, encontramos um local em Itaiacoca, distrito de Ponta Grossa, que julgamos realmente providenciado por Deus.

O local da nova sede da abadia, situado bem apartado da zona urbana, encontra-se a mais de 1000 m de altitude.

De fato, os nossos monges medievais comumente edificavam seus mosteiros no topo das montanhas, a exemplo de Monte Cassino – mosteiro construído por Nosso Pai São Bento – donde advém o dito: “Benedictus montes amabat”.